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Pontapé de saída 2018/19

por Pedro Gomes, em 10.08.18

Hoje começa a época 2018/19 e, simultaneamente, dá-se o pontapé de saída neste espaço de opinião benfiquista. Aos que por cá passarem (por engano, seguramente), espero prestar o melhor serviço opinativo possível, contando com o vosso feedback e participação, o qual receberei com toda a estima, mesmo o achicalhativo e insultuoso, dado que foi das dificuldades e provações que retirei sempre as melhores ilações e satisfações da vida.

 

Já que introduzi o tema dificuldades e provações, a época que hoje se inicia tem o dom de se iniciar nessa toada. Depois de quatro temporadas consecutivas a iniciar a época com o escudo de campeão ao peito, este ano o sabor amargo da derrota ainda está bem presente. Talvez por isso se viva um momento de agitação que apenas os bons resultados poderão serenar. Rui Vitória vem com um crédito de duas ligas em três temporadas, mas fortemente debilitado por uma sequência de apenas derrotas na Liga dos Campeões de 2017/18 e depois a dramática perda do título em casa frente ao grande rival, sem espinhas, sem a catárse de "cascar" no árbitro. Uma derrota que expôs as nossas fragilidades técnicas e táticas. Que em 2018/19 haja coragem para fazer dessas fragilidades a nossa força, colmatando-as com as revisões táticas possíveis.

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A pré-época foi profícua em incerteza, o que em certa medida acaba por ser o pão nosso de cada dia de um ser humano no século da globalização, ao ritmo desenfreado da tecnologia. As velhas platitudes que nos enchem de saudosismo, são hoje meras lembranças. A cada dia que passa pode sair uma notícia que nos leva o nosso melhor jogador para outro clube, que nos leva a nossa maior esperança da formação, ou que nos leva o nosso mais diligente dirigente para a prisão. Neste reino de incertezas, nada mais tonificante para nos alegrar o espírito do que três ou quatro vitórias consecutivas de goleada. O Benfica nos últimos três anos, com Vitória ao leme, tem nos dado esse regalo de meter o "turbo" em determinado momento da época e atropelar diversos adversários na liga, no entanto, parece ser condição sine qua non que haja anteriormente uma fase traumática que mitigue divergências internas e agregue esforços no sentido da luta comum. Para já, o drama parece estar instalado, com o nosso melhor jogador a dançar na corda bamba, ora a tombar para Lisboa, ora a cair na Arábia, e com o nosso presidente a dançar também na corda bamba da comunicação, ora com uma posição de força, ora com uma frase incongruente. Parece que isto só lá vai com golos, o que afinal de contas, é a razão de ser disto tudo.

 

Para hoje à noite temos como adversário o Vitória de Guimarães, que vinha de uma pré-temporada de sonho, com uma Guardiolização do seu futebol, a esmagar em posse de bola tudo quanto era adversário, com sete vitórias e dois empates em nove jogos. O problema foi que no primeiro jogo a doer, perdeu 2-0 em casa com o Tondela, sendo eliminado da Taça da Liga. Confesso que sou fã de equipas com um modelo de jogo vincado, em especial se for em posse, mas o futebol é rico em coisas que não se percebem. Mas se há coisa em que acredito, é na importância de acreditar de forma consistente naquilo que acreditamos, i.e., os melhores desígnios que poderemos algum dia alcançar enquanto humanos, são aqueles que exigem ter uma visão clara do que se quer obter, e esforço ininterrupto e consistente nessa direção, em especial nos momentos em que as coisas correm mal. Este paradigma é, hoje dia, cada vez mais difícil de encontrar, em especial pelas razões culturais que acima referi: sociedade da incerteza, da rapidez, da impaciência, da novidade/estímulo constante, e no caso específico do futebol, da "ditura dos resultados".

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 Com efeito, o Benfica acaba por ter alguma sorte em apanhar com o Vitória nesta fase ainda tão precoce de maturação do seu modelo de jogo. A ver vamos se será capaz de a aproveitar. Por seu turno, o Benfica parece caminhar a passos largos para ser uma equipa com menos visão de modelo de jogo e mais resultadista. Uma equipa moderna, como se diz. No final de contas, quem joga são os jogadores, pelo que espero que imponham a sua "ditadura", em especial sob a batuta desse ditador pistoleiro de bom futebol - Jonas.

 

Esse é o meu grande desejo para este início de época, que o Pistolas por cá continue até não conseguir jogar mais. Entretanto, torço para que novos valores (Gedson, João Félix, Jota, Zivkovic, etc.) se afirmem na equipa titular e tragam esse superávite de qualidade que nos pode dar as alegrias que tanto sonhamos (títulos e uma final europeia, leia-se). Quanto ao resto do plantel, já temos a base que precisamos, com excelentes jogadores de equipa, determinados e capazes de formar um excelente conjunto. Aliás, outra coisa que eu gostava de ver terminada esta época era a insistência dos adeptos em fazer de Pizzi aos 28 anos no Xavi ou Modric que ele nunca vai ser, nem de Sálvio, também aos 28 anos, no Messi ou Neymar que ele também nunca vai ser. Deixem os homens serem os jogadores que são. O Benfica precisa de ter jogadores assim: bons jogadores que fiquem muitos anos no clube. É nessa base que podem depois emergir os grandes craques que nos podem, um dia, dar um brilharete europeu. Para isso é preciso arte e alguma sorte, para juntar num mesmo período de tempo a combinação de talento necessária para esse feito e um modelo de jogo suficientemente inovador para fazer a diferença face às super-potências europeias. 

 

Para hoje, uma previsão: 3-2 para o Benfica.

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