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Quem já se existe há tempo suficiente para ler estas palavras, ou se possui uma memória que não se esfuma a cada semana, já se percebeu que na vida e no futebol, em particular, as coisas nem sempre acontecem como desejamos e os imponderáveis fazem parte da mesma, e não devem ser sequer mencionados como desculpas. Tal como numa escola, hospital, empresa, etc., quando alguém fica com uma gastroenterite e usa as mesmas instalações sanitárias, balneários e afins, há uma forte hipótese de contágio. Quem não conhece a sintomatologia da gastroenterite, pode entrar nessa odisseia googliana e tirar as suas conclusões. Fejsa e Almeida são dois grandes atletas do Benfica, que apesar das dificuldades deram tudo nos jogos a que foram chamados. Salvio não é menos jogador que os colegas, mas o timing dos sintomas muito provavelmente deixaram-no a ver o jogo num sofá de porcelana.
Não obstante essas adversidades, o Benfica fez um bom jogo, com coisas boas a reforçar e outras a rever e refletir. Na generalidade foi superior ao adversário de forma mais contundente do que contra o Fenerbahçe, contudo o resultado foi mais insatisfatório, deixando tudo por decidir na segunda mão na Grécia.
Pontos positivos
Almeida. Depois de um dia doente, no dia seguinte estava em campo com toda a entrega habitual e sem comprometer. Teve menos intensidade, naturalmente, mas não lhe ouvimos um queixume. Grande jogador.
Grimaldo continua a ser o nosso porto seguro de saída da pressão na primeira fase de construção. É a par de Pizzi o pensador e playmaker da equipa. Tem a particularidade de o fazer a partir do flanco esquerdo e da defesa, mas não vejo nisso qualquer problema, apenas uma particularidade com consequências boas e más (menos espaço e menos diversidade de opções, com a linha lateral a servir de "defesa" adversário). Defensivamente teve alguns problemas em lances de um para um. No ataque, não fez um golo soberbo por muito pouco.
Ferreyra está a crescer de jogo para jogo, sendo que se mostrou mais colaborativo em combinações com os colegas e perigoso nos remates. Não marcou devido a boas intervenções do guarda-redes adversário.
João Félix entrou e abanou com o jogo. Deixou a ideia de que se tivesse entrado mais cedo o Benfica teria marcado. Fantástica visão de jogo e execução quase perfeita. Estou ansioso para vê-lo a obrigar Rui Vitória a colocá-lo a titular.
No geral a equipa esteve praticamente toda bem, assinalando-se uma considerável perda de intensidade a partir dos 60 minutos e algumas características de alguns jogadores a analisar a seguir.
Pontos de melhoria
Cervi e Zivkovic. Por razões diferentes, o Benfica jogou quase sem extremos. Cervi correu muito, foi intenso como sempre, mas ofensivamente teve muitas dificuldades. Perdeu os duelos individuais, fez poucas combinações e jogou excessivamente em transporte, quase sempre contra a parede grega. Houve momentos do jogo em pensei que podia passar Cervi para lateral e Grimaldo para extremo.
Do outro lado do campo, Rui Vitória colocou Zivkovic, que amiúde trocou de posição com Gedson, passando a ocupar momentaneamente zonas interiores. Pareceu interessante a ideia e baralhou um pouco os gregos, mas com a perda de intensidade da equipa ao longo do jogo, pouco mais se viu essa dinâmica e Zivkovic acabou por ser substituído na segunda parte. O sérvio tem imensa qualidade técnica, uma leitura de jogo fantástica, e se fosse titular, o futebol de ataque do Benfica passaria quase sempre por ele. Contudo, é necessário rever o modelo de jogo para colocar Zivkovic a extremo. No modelo atual, encaixa melhor a interior, no lugar de Pizzi ou Gedson, mas a extremo, com as dinâmicas atuais, não há depois ninguém a dar profundidade ou a movimentar-se em zonas próximas da área, para além do ponta de lança. Acresce ainda o facto de Zivkovic, embora ágil e rápido a decidir bem em espaços curtos, ser lento quando há muitos metros para correr em condução, aproveitando pouco os espaços que estavam a surgir nas transições. Posteriormente, Rafa entrou e começou a provocar mais dificuldades nesse setor. O sérvio faz-me lembrar Iniesta, porque não joga mal em lado nenhum, mas não é no tipo de extremo que o Benfica tem neste momento, que oferece tudo o que pode dar. No jogo com o PAOK, com Almeida menos capaz de dar profundidade, verificou-se uma grande perda de rendimento no flanco direito, comparando com a agressividade de Salvio.
Num balanço geral, o Benfica tem todas as condições para chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões. Não será fácil ao PAOK voltar a conter o Benfica, que se mostrou algo perdulário na finalização no jogo da primeira mão. Será seguramente um grande desafio, mas com mais tempo de recuperação após o derby da amanhã, penso que a equipa estará à altura das exigências.
O Benfica recebe hoje o PAOK na primeira mão do tão desejado playoff de acesso à Liga dos Campeões. Se o Fenerbahçe foi um difícil obstáculo ultrapassado com muita classe, o PAOK traz consigo outros problemas. Em primeiro lugar a questão da fadiga. É tido como ponto máximo necessário de recuperação plena após um esforço considerável, o limiar das 72 horas. Ora o Benfica, completa esse limiar de recuperação hoje às 21 horas, ou seja, no início da segunda parte do jogo de hoje. Este aspeto, somado com o facto de ser a terceira semana consecutiva a este ritmo, revela bem da exigência que está a ser este início de época. Paradoxalmente, ou muito provavelmente não, emerge desta dificuldade uma equipa mais forte, que passa com classe na Turquia, que esmaga o Boavista e que parece não sentir falta de Jonas, quando na reta final da época passada, parece ter sido essa ausência a ditar a quebra que impediu o Benfica de chegar ao penta campeonato.
Sem grande tempo para treinar, o Benfica é uma equipa que se constrói a jogar, e isso é bastante salutar, em especial quando há uma base de trabalho de anos anteriores. Dada a ausência de grande tempo para estratégias, prevê-se um Benfica fiel ao seu onze e modelo de jogo que trouxe os sucessos recentes. A condição física de Almeida é a maior preocupação, pelo que até ao início de jogo será uma incógnita a sua disponibilidade.
Pela frente o Benfica terá no PAOK um adversário muito experiente, com jogadores muito rodados e conhecedores de diversos campeonatos com exigência competitiva elevada. Contrariamente ao Benfica, o PAOK ainda não começou o campeonato nacional, pelo que está bem fresco e focado na Champions há várias semanas. O seu treinador refere conhecer bem o Benfica, tendo mesmo o processo de estudo do adversário sido prazeroso na sua ótica. Talvez tivesse encontrado uma coincidência de pontos fortes do PAOK com pontos fracos de Benfica. O que quer que sejam as ideias do técnico do PAOK uma coisa parece ser certa, este Benfica cresce mais a jogar perante as dificuldades do que com tempo demais para pensar e com um calendário aparentemente acessível.
Esperemos que a experiência do adversário de hoje não seja suficiente para travar este ímpeto de futebol intenso que está a deixar a expectativa de uma grande temporada para o Benfica. Previsão otimista para hoje: Benfica 3-0 PAOK.
Rui Vitória repetiu praticamente o onze inicial utilizado em Istambul, substituindo apenas Castillo por Ferreyra, na sequência da lesão do chileno. Oportunidades para outros jogadores fora do onze estão, para já, limitadas. Na terceira previsão do blog, surgiu a falha em toda a linha na previsão, em todo o caso, o mais importante, que era a vitória, foi assegurado.
Pontos positivos
O golo de Ferreyra surgiu precisamente de uma grande virtude do Benfica no primeiro tempo, i.e., a capacidade de ser intenso após perda. No lance do golo, Ferreyra e Cervi forçam os defesas boavisteiros a atrapalharem-se e a bola acaba por sobrar para Ferreyra, que após várias tentativas de remates deste género em jogos anteriores, rematou certeiro para golo.
Assente nos mesmos princípios do golo de Ferreyra, surgiu o segundo golo. Pressão intensa e disponibilidade de Salvio, que depois ganha em velocidade ao defesa axadrezado, servindo no momento certo Pizzi, que assim voltou a marcar num bom gesto técnico. Destaque-se que o bom posicionamento de Pizzi na hora de finalizar a jogada é decorrente da disponibilidade para pressionar num momento anterior:
O português teria ainda nova oportunidade de golo, mas cara a cara com o guarda-redes, resolveu mal a finalização e permitiu a defesa. Ressalve-se a capacidade de aos 89 minutos ainda se pressionar assim:
Salvio e Almeida protagonizaram também duas excelentes oportunidades de golo, num tipo de jogada que começa a ser clássica do Benfica, com Ferreyra a descer para receber pela meia-esquerda atraindo marcação e a linha defensiva, para, pela direita, Almeida ou Salvio atacarem a profundidade. Salvio teve mais tempo e espaço para finalizar que o português, mas falhou perante o guardião do Boavista. Almeida tentou de forma acrobática, mas o remate saiu de raspão.
Gedson protagonizou também várias progressões com bola interessantes e perigosas. Na primeira parte praticamente todas as iniciativas do jovem foram bem resolvidas por um Boavista organizado, contudo, no segundo tempo, Gedson causou muito mais dificuldades, levando os boavisteiros a recorrer à falta, permitindo ao Benfica diminuir o ritmo de jogo. Começa a ser um caso sério Gedson, e as suas arrancadas com bola abrem muitos espaços e permitem ao Benfica subir muito no terreno de forma apoiada.
Grimaldo e Cervi protagonizaram mais um jogo de grande intensidade defensiva e ofensiva. Muita qualidade da dupla da esquerda.
Pontos de melhoria
Toda a partida foi marcada por um ritmo elevado imposto pelo Benfica que empurrou o Boavista para trás. Excetuando o lance de Falcone ao quarto minuto de jogo, em que o alinhamento defensivo falhou, o Benfica foi muito intenso após perda e procurou criar jogo a partir de combinações nas laterais, contudo muitos lances (em especial na primeira parte) se perderam por cruzamentos sem destinatário, ou se o tinham, muito mal executados.
O Boavista começou a crescer com o aproximar do final do primeiro tempo, fruto de uma baixa de intensidade do Benfica, mas sem nenhuma oportunidade clara de golo, mostrando a defesa do Benfica capacidade de rivalizar nos duelos individuais. No reatar do segundo tempo o Benfica voltou a aumentar a intensidade e a reação do Boavista foi praticamente inexistente. Do ponto de vista de aspetos a melhorar, há muito pouco a acrescentar.
Em suma, um jogo em que o Benfica cumpriu na plenitude os objetivos, dando mais confiança para os desafios que se avizinham.
Na antevisão do jogo de hoje frente ao Boavista, levanta-se a questão da fadiga dos jogadores perante uma sequência de jogos e viagens potencialmente desgastantes. Hoje em dia, o Benfica dispõe de uma equipa de profissionais especializados que dotam a equipa técnica de informação relativa ao estado de saúde do atleta em cada momento. Para além dos mais visíveis "soutiens" que o jogadores usam nos treinos e nos jogos, outros sistemas de monitorização são utilizados. Os jogadores registam todos os dias como foi o seu sono, como se sentem, etc. Com efeito, Rui Vitória tem hoje à disposição uma noção muito mais concreta e com menor margem de erro, de quais os jogadores fatigados e os mais disponíveis fisicamente, pelo que a questão da rotação dos jogadores titulares é apenas necessária se os indicadores físicos assim o sugerirem.
Na conferência de imprensa Rui Vitória indiciou que irá manter os tais "dez avançados" ao seu dispor, fazendo uma rara enumeração de jogadores, pelo que apesar de grande parte dos referenciados serem habituais titulares, não estranharia nada que o Benfica se apresentasse frente ao Boavista com um onze inicial em grande medida renovado. A diferença de ambientes competitivos que o técnico apontou, também poderá querer dizer que certos jogadores vão manter o foco no acesso à Liga dos Campeões, sendo que outros estarão mais focados em terem a sua oportunidade de jogarem de início hoje.
Assim, prevejo que Rafa, Zivkovic, Alfa Semedo, Conti e Yuri Ribeiro serão titulares, ao passo que João Félix e Seferovic poderão também jogar. Samaris também poderá espreitar um lugar, dependendo muito de como Fejsa estiver fisicamente. A dinâmica da equipa será influenciada pelas alterações, contudo estas alterações poderão confundir a estratégia axadrezada e influenciar o resultado do jogo a favor do Benfica.
Jogar no Bessa é sempre um momento especial. Já tivemos muitas batalhas neste terreno e muitas alegrias também. Para hoje prevê-se um Benfica em vários momentos empurrado para a defesa, fruto do ímpeto dos homens da casa e também da sua experiência e qualidade. Contudo, penso que o Benfica irá tirar partido disso. Este é um jogo que pede Rafa na direita e eventualmente João Félix pelo meio em trocas com Zivkovic na esquerda. Veremos se Vitória mexe no onze, mas esta seria uma excelente oportunidade de descansar homens para quarta-feira e dar oportunidade a quem está sendento de jogar. Resultado final: Boavista 1-3 Benfica (2x Rafa).
Apresentou-se em Istambul um Benfica fiel a si próprio, mantendo os seus princípios de jogo, não obstante adotar uma organização defensiva compacta, sempre que o Fenerbahçe o fez por merecer, o que foi pouco neste jogo. A equipa turca parecia montada numa estratégia ao melhor estilo do recente Mundial 2018, em que apesar de estar em desvantagem consentia a iniciativa de jogo ao Benfica, na expectativa de partir numa transição rápida para o ataque. Cocu havia dado o mote para o facto de expectar que o Benfica se expusesse para posteriormente aproveitar o adiantamento no terreno para contra-atacar. Talvez esperasse que este tipo de mindgames pudessem assustar Rui Vitória, no sentido de este dar instruções à sua equipa para descer as linhas. Contudo, o treinador português foi fiel ao seu modelo de jogo, e vimos um Benfica íntegro.
Nota para a segunda previsão certeira do blog para o resultado do jogo. Mera sorte de principiante. Se a regressão para a média fizer o efeito esperado, seguir-se-á uma sequência de más previsões, contudo não se deixará de as adiantar.
Pontos positivos
Gedson é, sem dúvida, o primeiro grande reforço do Benfica 2018/19. Mais um jogo de grande qualidade, seja ao nível técnico, bem enfatizado no lance do golo, seja ao nível físico, em que 30 metros parecem ser apenas 10 para o jovem jogador, seja para correr para a frente ou para trás. O lance do golo foi um belo exemplo de paciência na construção. Salvio, Almeida e Pizzi atraíram para um curto espaço do terreno três adversários. Castillo e Cervi fixaram outros três, enquanto que Grimaldo, a preparar a transição defensiva fixava mais outro adversário. O único homem do Fenerbahçe que deveria tapar o espaço de progressão de Gedson seria Giuliano, que, no entanto, ficou estático na primeira fila para assistir ao lance. Curiosamente, Pizzi, o homem que mais padece do mesmo mal de Giuliano, apercebe-se da clareira nas suas costas e de que Gedson ficaria com os tais 30 metros que parecem 10 para progredir e aproxima-se ainda mais de Salvio, arrastando consigo o seu marcador. Muito obrigado Pizzi:
Depois, há toda a capacidade física de Gedson para nunca perder a posição perante a pressão do marcador direto. Castillo, por seu turno, dá opção de passe a Salvio, que lhe endossa o passe:
Arrastando o seu marcador consigo, Castillo, de primeira, faz a tabela para servir Gedson. Destaque-se também o trabalho de Cervi e Grimaldo, que ao fixarem dois adversários colocam o lance num 2x3 para Gedson e Castillo resolverem:
Gedson controlou a bola que saiu alta e difícil de dominar, finalizando perante o guarda-redes. Alternativamente podia até ter servido Castillo que já deixara o seu marcador batido:
Defensivamente o Benfica esteve muito seguro, não perdendo muitos lances individuais. Rúben Dias ousou uma outra receção com pouco tempo para tal, causando alguns calafrios. Há sempre um preço a pagar pela ousadia, mas é de salutar a vontade de arriscar e querer fazer melhor do que o chutão para a frente.
Numa análise genérica, o Benfica foi fiel a si mesmo. A sua qualidade na transição defensiva esteve presente, assumindo o risco que esse modelo de jogo também aporta. Nas imagens seguintes vê-se a pressão de Cervi a desarmar o adversário e a servir Fejsa de frente para o jogo e bem subido no terreno:
Com o tempo e espaço de que precisa, Fejsa controlou e serviu Salvio. Fosse o sérvio mais evoluído ofensivamente e podia ter servido Gedson de primeira criando um desequilíbrio ainda maior:
O lance acabou por seguir com Salvio que foi direto ao remate à baliza que saiu muito torto. Faltou mais visão de jogo ao argentino para servir Castillo aqui:
Alternativamente, depois de ter fixado os três da linha defensiva com Castillo, podia ter servido Cervi para o compatriota poder rematar em melhores condições:
E daqui emerge um dos pontos de melhoria.
Pontos de melhoria
A definição dos lances de contra-ataque tão bem gerados pelas virtudes acima descritas, ficou bastante aquém. Muita vontade e pouco discernimento, com jogadores a soltarem a bola no tempo errado e a lerem mal os lances. Ferreyra mostrou uma boa leitura das oportunidades de finalização, mas teve má qualidade na execução, seja no remate em arco por cima do guarda-redes, quando a bola lhe sobrara de um ressalto de Salvio na segunda parte, seja no lance da primeira parte em que passa o guarda-redes, mas depois faltou alguma qualidade para fazer um remate menos tenso, mas mais alto, de forma a evitar o carrinho do defesa. Optou por bater com a parte interior do pé e a bola saiu tensa e em arco. Pedia-se um remate a “cortar” a bola, apanhando-a por baixo. Contudo, falar de fora é muito fácil, mas fazer tudo em frações de segundo numa eliminatória da Champions é outra coisa. Há que dar mérito à desmarcação e visualização das duas jogadas por parte do argentino.
Cervi e Grimaldo foram excelentes numa das maiores dificuldades previsíveis do jogo, que seria a saída da pressão na primeira fase de construção. Foi por eles que o Benfica conseguiu sair muitas vezes. Simultaneamente mostraram muita rotação na recuperação de bola, tornando quase impossível ao Fenerbahçe entrar por ali. Contudo, não dá para tudo, e se ter 1,71 metros de altura facilita na agilidade para sair da pressão e posteriormente pressionar na perda, não facilita no jogo aéreo na hora de defender. O lance do golo mostra inicialmente Grimaldo a recuperar a sua posição na área nas costas de Jardel, com Fejsa a fechar o espaço entre os centrais:
O cruzamento sai no momento em que Grimaldo está a chegar e Fejsa já chegou:
Jardel deixa o jogador das suas costas para Grimaldo, para ir fechar o homem que atacava o primeiro poste:
Grimaldo desce demais e depois é forçado a fazer o contramovimento com a bola a fugir para fora:
Potuk, para além de ser mais alto (1,77 metros), está melhor posicionado para saltar na vertical e atacar a bola. A Grimaldo restou apenas saltar na diagonal contra o turco a fim de dificultar o cabeceamento e evitar um remate de cima para baixo:
O esforço foi inglório e o turco fez um cabeceamento exemplar. Menção honrosa para Cervi, que mostrou toda a sua qualidade defensiva a fechar a chegada de um adversário que poderia aproveitar um ressalto após hipotética defesa de Vlachodimos. Nas imagens seguintes os movimentos de outro ângulo:
Esta é uma pecha defensiva do Benfica, i.e., a exploração do espaço entre o central esquerdo e o lateral esquerdo, porque mesmo quando relativamente bem fechado, na disputa aérea Grimaldo é vulnerável. É um contra que Grimaldo diminui por tudo o resto de positivo que oferece ao jogo do Benfica.
Em suma, o Benfica cumpriu muito bem a missão complicada que se antevia. Alfa Semedo ajudou a segurar o jogo, sendo a sua capacidade física assinalável, em especial a jogar como médio interior. Se conseguir regular o seu posicionamento de forma alinhada com a equipa, promete ser um caso sério, para além de Gedson. O Benfica, para almejar uma grande época, precisa destes novos valores emergentes que venham acrescentar capacidade física e imprevisibilidade a um plantel de valores sólidos. A agenda é apertada e antes de receber o PAOK espera-se uma deslocação complicada ao Bessa, sendo a gestão física dos jogadores essencial neste período. Em breve anteciparemos aqui o jogo com o Boavista. Para já, é tempo de saborear uma vitória determinante para a época que agora começa.
Após uma entrada de rompante na Liga, travada pelo amargo de boca de conceder dois golos que colocaram alguma incerteza no resultado frente ao Vitória de Guimarães, o Benfica joga amanhã um dos jogos mais importantes da época.
O Benfica de Rui Vitória, pese embora as críticas de que é algumas vezes alvo, é uma equipa com um modelo de jogo, relativamente completo. A nível defensivo, as suas características principais passam pela rápida reação à perda, numa transição defensiva que bloqueia a saída de bola do adversário em contra-ataque, ora forçando a perda, ora travando a progressão, permitindo o reposicionamento em organização defensiva. Não é uma equipa excecionalmente pressionante na primeira fase de construção do adversário, pese embora tivesse revelado em 4-4-2 algumas dinâmicas dos dois avançados para recuperar a bola nesse setor. Em 4-3-3 vemos um dos interiores do meio-campo a subir para pressionar em conjunto com o ponta de lança, mas ainda sem o mesmo êxito da versão 4-4-2 apresentou amiúde no passado.
A linha defensiva é ainda uma das boas características do modelo, com jogadores cumpridores da dinâmica de controlo da profundidade. Após as dificuldades dos primeiros meses de 2017/18, a renovação da dupla de centrais e do guarda-redes (saída do onze de Luisão e Júlio César), vieram aproximar o trabalho ao desenvolvido em 2016/17, pese embora as devidas diferenças de qualidade individual do guarda-redes (Ederson vs. Bruno Varela) e do central (Jardel vs. Lindelof). Atualmente há margem de evolução para Rúben Dias, com a certeza de que se tornará um jogador cada vez mais completo no Benfica, não vá o Lyon levá-lo nos próximos dias. Jardel, por seu turno, é também um valor seguro, um homem tranquilo e experiente, com muita qualidade no jogo aéreo e um perigo nas bolas paradas ofensivas. A sua presença em campo é garante de cumprimento dos comportamentos desejados para a linha defensiva. Tem obviamente limitações na construção e de agilidade. A maior reserva que coloco aos quatro jogadores da linha defensiva é dificuldade no duelo um para um. Um exemplo recente foi o jogo com o Lyon, em que Memphis, em especial, colocou esse aspeto em destaque. Contra jogadores mais hábeis tecnicamente (e na Champions há muitos) vai ser sempre uma fragilidade a explorar pelos adversários. Com exceção de Dias, os restantes defesas são algo permeáveis no um para um, ora por falta de agilidade (Jardel), ora por falta de agressividade no momento certo (Grimaldo e Almeida). Ressalve-se a importância dos laterais no modelo de jogo, em que se pressupõe que tenham um comportamento muito ofensivo, sendo difícil encontrar jogadores que sejam muito bons quer a atacar, quer a defender. Antes de crucificar Grimaldo pelas dificuldades defensivas e áreas, não convém esquecer tudo o que ele oferece do ponto de vista ofensivo. E mesmo Almeida, mesmo não sendo um virtuoso, é um poço de energia, capaz de aparecer bem em zonas ofensivas, a assistir e a finalizar, bem como tudo o que oferece ao grupo pela sua forma de estar. São aspetos intangíveis, mas o seu papel no balneário não passa ao lado dos olhares mais atentos a estas dinâmicas.
Defensivamente, este modelo é exigente, e mesmo Lisandro, com toda a sua capacidade de desarme, andou sempre perdido na ocupação dos espaços, sem nunca agarrar um lugar no onze. Rui Vitória manteve, desde Jesus, o princípio de defender bem e com poucos, num comportamento subido da linha defensiva.
Fejsa é um elemento chave neste modelo, dada a sua enormíssima qualidade na cobertura ofensiva e na leitura da transição ofensiva adversária, não esquecendo também a sua capacidade de desarme. É um jogador fantástico e insubstituível no Benfica há já algumas épocas, sendo que com o plantel atual, o sucesso do modelo está muito assente na sua qualidade.
Sem querer alongar mais o tópico, deixando a componente ofensiva do modelo para outro momento, os aspetos referidos fazem do Benfica uma equipa preparada para atacar de forma continuada. É este modelo que permite tantas vitórias na Liga contra equipas cuja qualidade individual (leia-se capacidade para “fugir” do sufoco pós-perda do Benfica) é mais fraca. Recuperando a bola com o adversário acabado de se abrir para contra-atacar, ou demasiado profundo porque anteriormente empurrado para aí, permite aproveitar bem os espaços e definir com a qualidade dos nossos homens da frente. O modelo complica-se quando os adversários têm capacidade de sair da pressão pós-perda. Geralmente, o Benfica protege-se contra esses adversários e joga mais baixo, deixando o adversário progredir à vontade até à linha de meio campo. Na temporada passada, nos jogos mais complicados (Old Trafford e Luz com o United, Moscovo, Alvalade) excetuando o jogo no Dragão, o Benfica adotou sempre a estratégia de colocar Samaris ou Augusto no lugar do interior ofensivo (Krovinovic ou Zivkovic), junto a Fejsa e Pizzi. Os resultados foram três derrotas e um empate, pese embora no empate a vitória tivesse sido mais do que merecida.
O jogo de amanhã com o Fenerbahçe será obviamente de grande exigência. Para além do ambiente de “inferno” criado pelos adeptos turcos, o Fenerbahçe, apesar de longe da qualidade individual de um Manchester United, tem muito boa qualidade na posse de bola e uma construção paciente de jogo. Têm boa técnica na primeira fase de construção e criatividade na segunda, bem como boa capacidade finalizadora. Antevê-se um Benfica muito tempo em organização defensiva. Neste aspeto Gedson tem mostrado muita inteligência na ocupação de espaços e uma velocidade e agilidade muito superior a Samaris. Por outro lado, a menor experiência poderá causar algum momento de desatenção. Pizzi, por seu turno, tem andado perdido do ponto de vista da proatividade defensiva, embora sempre disponível para reagir e ir atrás do prejuízo, embora algumas vezes demasiado tarde. O facto do Benfica poder jogar mais compacto poderá ajudar a esconder esta dificuldade. Com Pizzi em campo, se o Fenerbahçe lhe der algum espaço, poderá ser possível fazer transições ofensivas rápidas, lançando em profundidade os avançados, antevendo uma defesa mais subida dos turcos.
Para o onze inicial creio que Rui Vitória não irá mexer face aos dois jogos anteriores. Com o balanceamento ofensivo do Fenerbahçe, Ferreyra promete causar estragos com a sua excelente leitura de espaços, prevendo um maior espaço na linha defensiva turca. Juntando a isso o bom momento de Salvio, Cervi, Pizzi e Gedson, creio que o Benfica tem excelentes condições para ultrapassar esta eliminatória. O maior desafio estará nos duelos individuais com os melhores jogadores dos turcos no um para um, que criando o desequilíbrio podem depois servir o avançado, que por sinal tem muita qualidade (Soldado). Sabendo que nas coberturas defensivas o Benfica tem demonstrado dificuldades recentes, o jogo pode complicar-se muito.
Não obstante, acredito que as forças serão maiores que as dificuldades e que o Benfica vai sair com um resultado positivo de Istambul. Prevejo o Benfica a inaugurar o marcador, para depois sofrer bastante e a assegurar a eliminatória com um resultado final de 1-1.
Primeiro prognóstico aqui do blog, primeiro tiro certeiro: 3-2. Podia acabar aqui a carreira de adivinho de resultados com uma eficácia de 100%... mas isso não seria um blog benfiquista. A previsão do resultado baseou-se nos aspetos que adiantei no post anterior: estado ainda imaturo do modelo de jogo de Luís Castro, com muitos espaços que o Benfica aproveitou muito bem, e a habitual pouca disponibilidade defensiva de algumas unidades encarnadas, que com a qualidade de processos do Vitória seriam seguramente colocadas à prova, e assim foi.
O Benfica esteve muito bem na primeira parte do jogo, destacando-se as combinações ofensivas pelas direita, nomeadamente com a qualidade de drible de Salvio a colocar Rafa Soares em grandes dificuldades. Pela esquerda, o Vitória defendeu melhor e conseguiu conter Cervi e Grimaldo, com exceção do lance do terceiro golo, mas que nesse caso o maior ónus de responsabilidade fica na fraca presença na cabeça da área dos homens vitorianos responsáveis por fechar esse espaço que Pizzi tão bem soube aproveitar.
Pontos positivos
É incontornável falar de Pizzi neste jogo. Revelou uma tremenda eficácia quando em posição de atirar à baliza, com muita calma e inteligência a vir de trás, aproveitando os espaços abertos pelo Vitória. Esta temporada surge mais presente na primeira fase de construção, pegando na bola desde trás, libertando mais a segunda fase para os homens das alas, para depois surgir novamente na definição e finalização. É uma dinâmica interessante, mas exigente do ponto de vista físico e com eventuais consequências na frescura mental decorrente do desgaste.
A capacidade de pressão alta foi também outro aspeto muito positivo desta primeira partida, com o trio de argentinos da frente sempre muito disponível e quase sempre assertivo no momento de pressionar. Notou-se a diferença no segundo tempo, com a alteração dos alas, nesta capacidade de conter o adversário.
Gedson é também um elemento que traz maior rotação ao meio-campo encarnado, para além de uma maior agressividade ofensiva, principalmente pela capacidade de transporte, sempre com pausa quando necessário, fixando e soltando assertivamente. O primeiro golo é um exemplo claro disso, em que deixa André André completamente para trás, para depois servir no centro. Pizzi, por seu lado, nem por sombras é capaz disto. Se Gedson for capaz de melhorar a sua assertividade na agressividade defensiva, trará uma grande melhoria ao momento defensivo do Benfica, que ainda está deficitário.
Pontos de melhoria
O primeiro golo do Vitória é um exemplo da desarticulação que existe entre a linha defensiva e a linha de meio campo no momento defensivo. Alfa Semedo sai em Davidson de forma impulsiva, quando Pizzi já se aproximava para conter o brasileiro. Com este impulso, Alfa deixou André completamente isolado, com tempo para rodar e colocar o remate.
A culpa é de Alfa? A culpa é coletiva, ou das orientações que estão definidas para o comportamento defensivo. Se Alfa cai em cima do portador que recebe enquadrado, então Pizzi tem de fechar logo as costas de Alfa, ou então Gedson faz essa cobertura e Pizzi fecha a linha de passe para o homem do centro:
E então o comportamento da linha defensiva? Portador enquadrado? Sim, logo prioridade ao controlo da profundidade. Mas tão em cima da baliza? Vlachodimos tem mais do que tempo para sair e apanhar qualquer bola que caia nas costas da defesa:
O segundo golo do Vitória nasce dos mesmos males defensivos. Alfa sai demasiado em cima do portador que já estava a ser pressionado por Rafa e abre uma cratera no setor entre linhas, e que Pizzi é incapaz de ler e preencher o espaço:
Depois, Rafa (um dos homens mais velozes da Liga) deixa que André e Celis fiquem numa situação de 2x1 com Jardel apenas pela frente, sem perseguir Celis, evitando que André o isolasse. As imagens abaixo distam 1 segundo e vê-se Rafa a abrandar, pese embora Jardel esteja a apontar-lhe o caminho. Para um jogador tão veloz que estava há 16 minutos em campo, atesta-se bem da diferença abissal em termos de capacidade defensiva comparativamente com Cervi ou Salvio. O problema não é uma questão de disponibilidade de Rafa, porque ele ainda veio num primeiro momento da frente para encostar em Celis, mas depois, de frente para a sua linha defensiva foi incapaz de ler que Jardel estava sozinho com dois jogadores pela frente e que perante este cenário tinha de intensificar ainda mais a sua perseguição a Celis:
Há muito ainda para trabalhar do ponto de vista defensivo neste Benfica 2018/19. Alfa Semedo no lugar de Fejsa é ainda um suicídio defensivo, em especial pelas dificuldades de Pizzi em ler o jogo atrás e antecipar a necessidade de fazer coberturas nos momentos em que o trinco tem de sair para fazer contenção. Alfa tem mais propensão para entrar para o lugar de Gedson ou Pizzi do que para substituir Fejsa. O sérvio continua a ser um globetrotter defensivo nesta equipa.
Outro ponto de melhoria são as dificuldades de construção do trio Jardel, Dias e Fejsa. O Vitória pressionou bem melhor na segunda metade do segundo tempo, mas mesmo no primeiro tempo, as dificuldades técnicas destes três jogadores são muitas quando bem pressionados. Urge retirar um coelho da cartola para definir o que fazer nestes momentos, em especial nos jogos com as melhores equipas da Liga e na maioria dos jogos europeus (o próximo de terça-feira, por exemplo). Face aos recursos atuais do plantel, uma boa alternativa seria colocar Castillo na frente como referência para jogo direto, para segurar a bola e depois entregar nos médios que estiverem de frente para o jogo para além da primeira linha de pressão. Descer Pizzi para ajudar a construir sob pressão na primeira fase de construção não revelou ser muito boa ideia no jogo de ontem. O segundo golo do Vitória nasce precisamente de uma situação desse tipo. Falta no plantel um jogador "cofre" na posse de bola, ou seja, com capacidade técnica e física para segurar a bola quando pressionado, um pouco à imagem do que William Carvalho faz de forma exímia, ou Witsel já num nível mais elevado. Gedson tem técnica para isso, mas falta-lhe a dimensão física para suportar a carga. Alfa tem físico, mas falta-lhe a técnica para "jogar" com os apoios do adversário para sair da pressão. Falta alguém que combine as duas competências. Genericamente, o plantel parece ser curto nesta matéria de sair da pressão. Ferreyra e Jonas não são avançados que segurem bem na frente de costas para a baliza a aguardar a subida da equipa. Castillo e Seferovic aparentam ser mais capazes desse papel, mas, pelo menos o Suíço, são bem piores em tudo o resto. Do que conheço de Gabriel do Leganés, poderia ser uma solução para dar mais recursos ao Benfica a este nível. Veremos se o brasileiro vem.
Em suma, primeira missão cumprida. Nada como entrar a ganhar na Liga para dar confiança para o que vem a seguir.
Hoje começa a época 2018/19 e, simultaneamente, dá-se o pontapé de saída neste espaço de opinião benfiquista. Aos que por cá passarem (por engano, seguramente), espero prestar o melhor serviço opinativo possível, contando com o vosso feedback e participação, o qual receberei com toda a estima, mesmo o achicalhativo e insultuoso, dado que foi das dificuldades e provações que retirei sempre as melhores ilações e satisfações da vida.
Já que introduzi o tema dificuldades e provações, a época que hoje se inicia tem o dom de se iniciar nessa toada. Depois de quatro temporadas consecutivas a iniciar a época com o escudo de campeão ao peito, este ano o sabor amargo da derrota ainda está bem presente. Talvez por isso se viva um momento de agitação que apenas os bons resultados poderão serenar. Rui Vitória vem com um crédito de duas ligas em três temporadas, mas fortemente debilitado por uma sequência de apenas derrotas na Liga dos Campeões de 2017/18 e depois a dramática perda do título em casa frente ao grande rival, sem espinhas, sem a catárse de "cascar" no árbitro. Uma derrota que expôs as nossas fragilidades técnicas e táticas. Que em 2018/19 haja coragem para fazer dessas fragilidades a nossa força, colmatando-as com as revisões táticas possíveis.
A pré-época foi profícua em incerteza, o que em certa medida acaba por ser o pão nosso de cada dia de um ser humano no século da globalização, ao ritmo desenfreado da tecnologia. As velhas platitudes que nos enchem de saudosismo, são hoje meras lembranças. A cada dia que passa pode sair uma notícia que nos leva o nosso melhor jogador para outro clube, que nos leva a nossa maior esperança da formação, ou que nos leva o nosso mais diligente dirigente para a prisão. Neste reino de incertezas, nada mais tonificante para nos alegrar o espírito do que três ou quatro vitórias consecutivas de goleada. O Benfica nos últimos três anos, com Vitória ao leme, tem nos dado esse regalo de meter o "turbo" em determinado momento da época e atropelar diversos adversários na liga, no entanto, parece ser condição sine qua non que haja anteriormente uma fase traumática que mitigue divergências internas e agregue esforços no sentido da luta comum. Para já, o drama parece estar instalado, com o nosso melhor jogador a dançar na corda bamba, ora a tombar para Lisboa, ora a cair na Arábia, e com o nosso presidente a dançar também na corda bamba da comunicação, ora com uma posição de força, ora com uma frase incongruente. Parece que isto só lá vai com golos, o que afinal de contas, é a razão de ser disto tudo.
Para hoje à noite temos como adversário o Vitória de Guimarães, que vinha de uma pré-temporada de sonho, com uma Guardiolização do seu futebol, a esmagar em posse de bola tudo quanto era adversário, com sete vitórias e dois empates em nove jogos. O problema foi que no primeiro jogo a doer, perdeu 2-0 em casa com o Tondela, sendo eliminado da Taça da Liga. Confesso que sou fã de equipas com um modelo de jogo vincado, em especial se for em posse, mas o futebol é rico em coisas que não se percebem. Mas se há coisa em que acredito, é na importância de acreditar de forma consistente naquilo que acreditamos, i.e., os melhores desígnios que poderemos algum dia alcançar enquanto humanos, são aqueles que exigem ter uma visão clara do que se quer obter, e esforço ininterrupto e consistente nessa direção, em especial nos momentos em que as coisas correm mal. Este paradigma é, hoje dia, cada vez mais difícil de encontrar, em especial pelas razões culturais que acima referi: sociedade da incerteza, da rapidez, da impaciência, da novidade/estímulo constante, e no caso específico do futebol, da "ditura dos resultados".
Com efeito, o Benfica acaba por ter alguma sorte em apanhar com o Vitória nesta fase ainda tão precoce de maturação do seu modelo de jogo. A ver vamos se será capaz de a aproveitar. Por seu turno, o Benfica parece caminhar a passos largos para ser uma equipa com menos visão de modelo de jogo e mais resultadista. Uma equipa moderna, como se diz. No final de contas, quem joga são os jogadores, pelo que espero que imponham a sua "ditadura", em especial sob a batuta desse ditador pistoleiro de bom futebol - Jonas.
Esse é o meu grande desejo para este início de época, que o Pistolas por cá continue até não conseguir jogar mais. Entretanto, torço para que novos valores (Gedson, João Félix, Jota, Zivkovic, etc.) se afirmem na equipa titular e tragam esse superávite de qualidade que nos pode dar as alegrias que tanto sonhamos (títulos e uma final europeia, leia-se). Quanto ao resto do plantel, já temos a base que precisamos, com excelentes jogadores de equipa, determinados e capazes de formar um excelente conjunto. Aliás, outra coisa que eu gostava de ver terminada esta época era a insistência dos adeptos em fazer de Pizzi aos 28 anos no Xavi ou Modric que ele nunca vai ser, nem de Sálvio, também aos 28 anos, no Messi ou Neymar que ele também nunca vai ser. Deixem os homens serem os jogadores que são. O Benfica precisa de ter jogadores assim: bons jogadores que fiquem muitos anos no clube. É nessa base que podem depois emergir os grandes craques que nos podem, um dia, dar um brilharete europeu. Para isso é preciso arte e alguma sorte, para juntar num mesmo período de tempo a combinação de talento necessária para esse feito e um modelo de jogo suficientemente inovador para fazer a diferença face às super-potências europeias.
Para hoje, uma previsão: 3-2 para o Benfica.